Em 2020, o impacto do COVID-19 fez com que existisse uma redução da produção devido a quebras nas cadeias de abastecimento, nomeadamente ao nível do fornecimento de matéria-prima e componentes originários de países com maior incidência da COVID-19; diminuição das exportações e do consumo interno devido à menor procura dos produtos e às restrições na mobilidade. Neste sentido, a pandemia apresentou desafios significativos, na medida em que a diminuição/suspensão da fabricação do produto final, levou a que as empresas reduzissem o número de colaboradores, devido à falta de trabalho, o que nos obrigou também a repensar quais os ramos da indústria menos afetados por esta situação.
Este impacto não foi sentido de igual modo por todos os setores da indústria, o que nos obrigou a redirecionar o nosso foco para clientes não só dedicados à produção de bens essenciais, nomeadamente a indústria alimentar, mas também a indústria têxtil. Após 2 anos, a lidar com as consequência de uma pandemia, achámos que estaríamos em condições de regressar ao que seria a normalidade no setor, porém, fomos mais uma vez “apanhados”, desta vez no meio de uma Guerra.
À semelhança dos problemas levantados durante a pandemia, surgem novamente obstáculos que afetam diretamente não só produção, nomeadamente dificuldades no transporte, paragens no abastecimento e o aumento do preço das matérias primas e consumíveis, mas também o nosso dia-a-dia enquanto profissionais de Recursos Humanos.
Neste sentido, as indústrias enfrentam atualmente, um aumento dos custos operacionais relacionados com matérias-primas, mão-de-obra, transportes e sobretudo energia, o leva a que as empresas tenham de reduzir os custos, quer seja através da redução da sua atividade laboral, isto é a redução dos horários de trabalho ou mesmo uma reestruturação da empresa tendo em consideração o volume de vendas, levando assim à suspensão dos contratos de trabalho.
Claro está, que todos estes condicionalismos impactam diretamente o nosso dia-a-dia, na medida em que as empresas (indústrias) não conseguem prever a quantidade de Recursos Humanos necessária para fazer face às necessidades incertas de produção, o que nos leva muitas vezes a ter admissões confirmadas que acabam por não avançar, devido ao cancelamento ou à redução de encomendas. Ao contrário do que sucedia no passado, em que a oferta de emprego era superior à procura, atualmente e cada vez mais, verificamos uma inversão do paradigma. Se no passado sentíamos que os candidatos estavam mais exigentes na procura e as empresas mais flexíveis no perfil a contratar, nos dias que correm sentimos que os candidatos nos procuram conscientes da situação que estamos a atravessar e dispostos a abraçar qualquer desafio profissional, mesmo que para isso tenham de sair da sua zona de conforto.
Cabe-nos a nós, enquanto profissionais de Recursos Humanos, adaptarmo-nos a este tipo de acontecimentos, de modo a que consigamos por um lado continuar a acompanhar as necessidades de Recursos Humanos em particular das indústrias, e por outro permitir não só aos candidatos a integração no mercado de trabalho, nalguns casos através de um redireccionamento de carreira, bem como garantir aos nossos colaboradores, um acompanhamento mais próximo, de forma a que não sintam a insegurança e incerteza decorrente da volatilidade que este setor atravessa.
Artigo por Ana Martins, Senior Consultant da UN de Indústria da Talenter™