Na verdade, existem várias realidades:
1) Os profissionais que apesar da pandemia sempre trabalharam,
2) Os profissionais que foram para casa ou até mesmo os que foram dispensados e ate à data ainda não retomaram a sua atividade.
3) Os que continuaram a trabalhar, foram mantendo o seu ritmo, e o seu dia a dia mais ou menos dentro da realidade atual que vivemos, (trabalhar em hotelaria durante a pandemia), mantendo os ordenados.
4) Os que foram para casa em layoff a receber uma percentagem do seu vencimento, apenas trabalhando um a dois dias por semana
5) Os que foram dispensados – o que foi a grande maioria das pessoas.
Com este cenário, uns reinventaram-se, outros descobriram outras profissões permanecendo por lá até hoje, deixando assim imensas vagas em hotelaria para além das que já existiam antes da pandemia.
Temos ainda as pessoas que se mantém até à data a receber subsídio de desemprego e não querem voltar, por diversas situações, outros mantém-se com uma economia paralela de poder ganhar “uns trocos no restaurante do Bairro” ao final do dia. Temos ainda outra realidade, os que, por receio que a retoma na área de hotelaria ainda não seja uma realidade, e que de um momento para o outro fiquem novamente sem trabalho dada a conjuntura do mercado atual, mantém-se agarrados aos subsídios e não arriscam.
No meio desta turbulência entre os que não voltam para os que se reinventaram, a verdade é que todos os que saíram por um ou outro motivo perderam o ritmo… O ritmo da azáfama que a área traz: 24/7 com horários de entrada, mas sem horários de saída… noites, fins de semana e dias santos.
Com isto, vivemos a crise mais grave dos últimos anos no mercado hoteleiro: e agora, o que fazer? Temos um défice na quantidade de mão de obra que precisamos para manter o negócio, paralelamente a isto temos um défice na qualificação das pessoas que, de uma forma ou de outra, vão ingressando na hotelaria.
Pagar mais para termos pessoas ou pagar mais para termos boas pessoas?
A equação parece que não tem resolução possível, pois com a crise que vivemos nestes últimos anos na área de hotelaria, com unidades que ficaram “a zeros” durante muito tempo, todo o investimento que fizeram para manter uma estrutura, não só humana mas dos próprios imóveis e agora necessitam de reaver o investimento, e ainda pagar condignamente as pessoas que estão, e aos que hão de estar…
Este tema, se me permitem a expressão “dava pano para mangas”!
A questão que parece simples é:
Como resolver esta equação? À medida que vamos tentando resolver, vai tendo mais e mais variáveis, o que parece não ter resolução num futuro próximo.
Na minha opinião a obtenção de um resultado positivo, e de uma maneira simples, passa por podermos pagar melhor às pessoas que estão, às que querem voltar e às que precisamos que voltem. Não só o salário monetário, mas com salário emocional.
Salário emocional…, mas isso existe nesta área?
Tem de começar a existir, temos de começar a dar um tratamento condigno às pessoas, facultar horários seguidos em vez de horários repartidos, facultar seguro de saúde, férias pagas para o trabalhador e seu agregado familiar, entre tantas outras coisas… pensem nisso!
É preciso objetividade a olhar para os resultados – sem pessoas não temos unidades hoteleiras.
Portugal é um país com um forte turismo que sabe acolher bem os seus turistas. Desta forma precisamos de ter pessoas para pessoas, numa era onde a inteligência artificial já anda por algumas unidades, substituindo pessoas por robôs, é necessário humanizar a hotelaria. Desenvolverei este tema numa próxima vez.
Em suma e falando de pessoas para pessoas, é necessário pagar mais às pessoas da área de hotelaria, humanizar, formar, dar melhores condições de emprego, e acima de tudo desmistificar o preconceito que se criou em redor desta área.
É necessário voltar a apaixonar as pessoas por esta área tão fantástica e dinâmica.
Existe uma célebre frase de Richard Branson que partilho para inspiração: “Cuide bem dos seus funcionários que eles cuidarão bem do seu negócio“.
Por Dora Grilo, Business Manager – Hotelaria / Talenter™